As pedras da calçada
Trauteio as pedras da calçada,
anseio,
respiro,
olho,
e o que vejo;
a ti,
sempre a ti,
só a ti.
sempre a ti,
só a ti...
a ti, por ti...só a ti.
é tal a permanência da tua imagem na minha mente
que pergunto se é real
se existes mesmo
ou se és vitima de um sonho profundo,
se pertences sequer a este mundo.
quando a luz da cabeceira se apaga
estás na minha almofada
quando o sol se levanta
estás no meu sorriso
quando tudo o resto se desvanece
é de ti que o meu desprendimento não esquece...
sacudam-me que estou dormente há não sei quantos dias...
estalos!
deem-me estalos, que a fonética linguagem do teu olhar mata-me aos poucos
e a leveza do teu despertar no meu corpo tolda-me os sentidos...e baralha-me os tempos verbais
...e quando a vontade de um semblante carregado se transformar em risos desmedidos
é aí que tu finalmente me escutas...