sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

 Ateia 


 

Suicidam-me as memórias passadas

Como se fossem folhas de papel seco pela lareira

Que não ateia

Que nos ateia

És tu ateia.

Palavras repetidas para dizer uma só coisa

Que te pasmo.

Palavra infame que me torna num deus

O teu.

- Fugimos?

Sim

- Vivemos?

Sim

- Nascemos de novo?

Não,

Não precisamos.

Já estamos aqui, não vale a pena passar por tudo de novo

- Concordo.

Deste-me a mão.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

As pedras da calçada



Trauteio as pedras da calçada,
anseio,
respiro, 
olho, 
e o que vejo;
a ti,
sempre a ti, 
só a ti.
sempre a ti, 
só a ti...
a ti, por ti...só a ti. 

é tal a permanência da tua imagem na minha mente 
que pergunto se é real 
se existes mesmo 
ou se és vitima de um sonho profundo,
se pertences sequer a este mundo. 

quando a luz da cabeceira se apaga 
estás na minha almofada
quando o sol se levanta 
estás no meu sorriso 
quando tudo o resto se desvanece 
é de ti que o meu desprendimento não esquece...

sacudam-me que estou dormente há não sei quantos dias...
estalos!
deem-me estalos, que a fonética linguagem do teu olhar mata-me aos poucos 
e a leveza do teu despertar no meu corpo tolda-me os sentidos...e baralha-me os tempos verbais

...e quando a vontade de um semblante carregado se transformar em risos desmedidos 
é aí que tu finalmente me escutas...