quarta-feira, 28 de julho de 2010

Solidão

Será que a solidão se soma?
se divide
se multiplica?
será que daqui a um ano estarei mais só que hoje?
será que daqui a um ano pensarei que já passei por este sitio que hoje pensei que há um ano já tinha passado por ele?...
Será?
Será que posso pensar em coisas diferentes do habitual sem pensar que estou a errar ...só para ser feliz
será um dia de cada vez
para viver assim fortemente como quem o diz...

O olhar vazio e fúnebre de alguém contrastando com o olhar vazio e lívido...são no fundo a mesma coisa
O almoço com a família é tão perto de mim como a minha mão que janta sozinha...

A tristeza forçada é mais dura que aquela que vem por etapas,
A solidão voluntária é mais leve que aquela que me é forçada
a minha cabeça é tão fascinante
e tão no mesmo ser complexa e complexada...

e então?
rio
choro
amargo
de boca
sem secura
e assim se faz um desabafo
sem grande amargura
assim se revela mais um pouco daquilo que não se conta a ninguém
porque se tem vergonha
assim se traz um pouco de felicidade sem rede
aquele momento que passou por nós há um ano
que é exactamente igual ao de hoje
quando o pensámos na altura
assim se traz mais um pouco de sede
à minha boca sem secura
...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Telhados de vidro

Depois de algo que vem atrás de mim estará sempre alguém que já me passou à frente
na conjugação parva de verbos soltos está a minha nação
eu.
chuto-me enrolado em cocaína vermelha
e perco-me ali...um pouco mais ao fundo...
estás a ver?
levanta mais a cabeça. Estás quase lá
Ergue-te
e dança
como se não te estivesses a molhar por não teres nada a cobrir-te
vem
vem aqui para o pé de mim
abraça-me com toda a força do teu pulso reumático
e deixa-me sentir-te.

Enxuga-te
que estás molhada.
Choveu-te em cima toda a tua vida
e agora?
Agora...seca-te e diz-me qual a sensação
Pavoneia-te como se de uma cadela com o cio se tratasse este momento
e diz-me
diz-me qual é o teu perante mim
o sentimento...