O metro
O silêncio ensurdecedor dos carris tolda-me a mente
E quem espera que a manhã seja interrompida por uma mentira?
Posso passar?…Acordas-me tu com um toque íntimo.
Olhei para ti e com os meus olhos suguei-te.
Esforcei – me ao máximo para que lesses o meu pensamento.
Tocava-te na perna em cada lancil dos carris…e ainda assim
não ris…
Em desespero mandei-te uma mensagem disfarçada de telemóvel
Ainda assim permaneceste imóvel…
Mesmo na escuridão do túnel eu permaneci de olhos abertos e,
quando os fechei tu ainda estavas lá.
Bafejei o vidro e desenhei uma rosa,
Para ver se a minha escrita transformaria os meus poemas em
prosa.
O frio do Inverno teima em apagar a minha flor,
Antes que tu a contemples.
Bafejei o meu coração.
O soslaio do teu olhar riu,
Levantou-se,
E saiu…
Na paragem dos Olivais,
nem tive tempo para um adeus, au revoir …até mais…