quarta-feira, 12 de novembro de 2008

"30 horas"

Uma da manhã …passam 30 horas
Da hora marcada

Quero voltar a ter a minha escrita de volta
Aquela que me padecia dos males
Aquela que era simples pelo conteúdo
E não pelas palavras
Aquela que tinha mil ais
Sem nunca dizer um ai sequer
Aquela que era homossexual
Não sendo homem nem mulher…

Quero deixar esta ansiedade corrosiva de parte
E voltar a olhar a vida de frente
Quero ser um entres muitos
Sem querer ser o único diferente
É assim que se faz
É assim que se faz
É assim que se faz
Repete-se, enrola-se e deliciamo-nos com ele.

E em mim mato-me
E aqui tu – que não eu
Jaz …

Passam 30 horas da hora marcada…
E não sinto frio
Não sinto calor
Não sinto dor
Não sinto nada
E contudo as rimas estão cada vez mais perfeitas
Como tu que me olhas quando te deitas
E sorris
E respiras
E não dizes nada
Simplesmente moras na minha cabeça
Assim
Lá…
Tu…
Habita…
Vem…
Cresce…
Sê vida em mim
Sê a lua cheia
Sê o sol de verão
Sê todos estes clichés anteriores
Sê mais um cabrão!


Tanta raiva contida
Tanto amor para dar
Tanta simplicidade nos actos de alguém
Que me quer simplesmente amar.

Mato-me mais um pouco
E desta vez em lume brando
Vou ficar aqui muito mudo…
Pensando…
Não no que quero…
Porque já o sei
Não no que me ofereceram
Porque já o guardei…
Não no que irá ser
Porque ninguém sabe
Não no fim…
Porque não quero que acabe


As frases feitas são feias e pouco melancólicas…o amor é banal e pouco instrutivo…os sonhos são pensamentos alheios sem nada para oferecer…os sorrisos são cinismos levados ao extremo…e tu? O que és tu? Que eu não te encontro defeito algum? – responde-me…

Serás muda?
Serás surda?
Será o teu silêncio capaz de amalgamar o universo
Baralhar e voltar a dar?!

Quantos jogos terei de jogar
Para sair sempre a ganhar
Quantas vezes terei de morrer
Para viver
Quantos poemas de amor terei de escrever
Para perceber o que Ele é
Quantas vezes terei de ir à casa de banho
Para deixar de lá ir…


GR