segunda-feira, 28 de maio de 2012

Compasso Poético


Faltam 5 minutos para sair de casa a abandonar tudo aquilo que me é familiar ...
simplesmente porque quero e, posso e, derivo disso para viver.
Não sei se quando sair pela porta da frente recuarei até à cobardia e voltarei a entrar pelas traseiras sem ninguém me ver.
Não me parece.
Apesar de sentir que algo me prende tão fortemente que deixava de viver tudo o que me prometi
só para te ter aqui.

Soa a música foleira este compasso poético.

Inspiro, travo, olho o mar e volto a mim...


...o sentimento de amor ...seja ele de onde for...é rídiculo, fogaz, amargo, delicioso, ternurento, calmo, patético, sem grande sustentação social...
O que é o amor então afinal?
uma conversa?
uma dádiva?
um perdão?
um sorriso?
Esse sorriso que me ficou na memória mesmo quando me queimo no quente da água do chuveiro.
Esse rasgar de olhos que teima em ser meu companheiro ...
cada vez que penso em ti...num compasso pateticamente poético...

Nada que escrevo é tão perfeito como a falta de palavras que descrevem a lembrança constante da tua pessoa...
Nada é tão perfeito como o momento de paz em que me esqueco de ti depois de te recordar ...

Nada seria tão perfeito como poder dizer-te todos os dias o que te disse um dia, sem depois de ti me afastar...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O desprendimento

De todos os sentimentos que já experienciei na minha vida e na dos outros
o desprendimento é a arma mais forte que consegui alcançar para me livrar do mal
LIVRAI-ME DO MAL disseram eles um dia ...
Livrai-me de tudo e deixai-me a meditar num retiro vazio de conteúdo e de forma
direi eu da próxima vez que tiver de decidir entre o tudo e o nada
porque para além do amor ...
há a pessoa amada...
e essa merece o respeito que eu lhe quiser dar
porque não há nada para além do querer e do amar...


Parece lamechas,
mas troquem a fúria por dó
e o que tens no nariz por pó
e já se torna num ambiente mais lascivo
e se eu quero
eu posso
eu vivo!


Assim sem regras nem normas
sem leis nem compromissos...
porque depois de tanto amor...
tanta ansiedade
tanto aperto no coração
tanta raiva...
tanto tormento...
o meu amanhecer foi de desprendimento...

segunda-feira, 19 de março de 2012

fome de vida

Quantas vidas há numa vida só?
Tantas quantas aquelas que conseguirmos apanhar.

A indefinição da mente mede-se pela nível de ansiedade que se perpetua pela quantidade de pensamentos que conseguimos atingir num minuto...a isso chama-se fome de vida.
Fome de estar acordado
fome de olhar o dia
a noite
fome de alimentos mais ou menos amargos
e não tão doces
fome de sentir a dor a loucura
o amor
a vingança
o sorriso
a tristeza
fome de sexo
fome de exercicio
fome de viver tudo de uma vez só e de pensar que ainda não é suficiente ...

é doente...

quantas vidas existem numa só vida? quantas decisões temos de tomar para que sejamos felizes...mais ou menos felizes...um pouco felizes...
quantas vezes olhamos para o lado e pensamos
"podia ser eu"
quantos destinos nos estão escritos
quantas lápides nos morrem até sermos prescritos
por juízes
prisões
vontades...ambições...

Quantas vidas podia eu viver na minha própria?
Quantas manhãs acordo a pensar que vou ali e já não venho
porque o que tive ontem e o que vou ter amanhã
hoje não o tenho...

...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O meu som

A nossa zona de conforto é aquela em que julgamos estar todos os dias...
aquela que nos faz feliz
aquela que nos dá as alegrias e as tristezas
a vontade
a ambição
a certeza de que jamais saíremos de lá
para outro lugar
que não seja em redor ...

até que encontramos aquele vazio no estomago
aquele sorriso miudinho que nos levanta da cama ainda ensonados
a espera
a surpresa
aquela que poderia ser minha mãe e não é
aquela que te é agora o destino
e a outra a incerteza...

Não esperava mais nada de uma vida já regada de prazeres mundanos e boémias avassaladoramente imaginárias
até que se fez silêncio e dei por mim
a pensar em ti ...

O silêncio do pensamento é tão forte em mim que as minhas mãos não conseguiram escrever mais nada ...menti-te
menti ...menti...
e voltei a mentir outra vez
menti
para te proteger
menti
sobre os sons que vinham do meu coração
porque o meu silêncio
não é mais que o meu som
em ti...
e até nisso eu me enganei
e não te menti...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ansiedade

Tem dias em que nem todas as ciências do mundo
explicam a minha ansiedade
tem dias em que o medo de me ficar é tão grande
que nem vou.

Faço tudo tão apressadamente com a urgência de aproveitar todos os momentos que me fingem escapar como se algum dia tivesse a oportunidade de os viver.
A minha cabeça imagina histórias felizes outras mais ou menos turvas, outras que nem sequer se passam ...ao meu lado...

A vida tal e qual como um abafo no peito um desabafo no estômago, uns olhos bem abertos na escuridão do quarto...um fetiche realizado à última hora, um acto de lascividade que nos fica na memória como algo que nunca aconteceu...um calafrio na espinha cada vez que penso no que devia...ter...ser...poder...dizer...

...um silêncio impedioso permanece quando tento contactar com alguém que até poderá ser a mulher da minha vida. e assim fico.
entre a espera e a ausência de pensamento...
entre um espaço vazio e um momento...

um sindrome de cada minuto mal resolvido em que se espera algo mais do que aquilo que demos ...tudo de nós verdade?
um último suspiro que não nos preenche o pulmão ... e viver com a ansiedade?
porque não?