quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Amar

No dia em que amar deixar de ser verbo

Será perfeito

No pretérito que te encontro

No futuro que é nosso

Eu te amo

Amarei 

E sem duvida já em tempo te amei

Porque a partir de hoje nada será como dantes

Porque é fácil rimar com palavras singulares

E em tantos anos de vida

Houve tantos amores para amares...

Mas nenhum te trouxe tamanha imperfeição nem pretensão de um presente tão imperfeito que tornou o verbo

Em substantivo

Que tornou os olhos 

Em fazedores de alma

Que tornou o sorriso em calor noturno

Que me trouxe tamanha devassa sentimental 

Que fiquei sem mais nada que o sentimento  que me torna único nos teus braços e abraços

Sem ele sou um vazio

Sem ele sou um verbo 

Sem ele sou como um ar

...a partir de agora chama- me pelo nome  

Que começa por a e termina com r

Que entre o meio e o fim tem a Alma e o Momento....


E nós somos aqueles que limpámos o silêncio com sorrisos e lágrimas...

Que fizemos do mundo um lugar que cabe na gaveta da sala. 

Até voltares para mim ...chama- me sempre pelo substantivo presente...

Porque entre nós já não só se ama...porque o amor tem nome de gente

segunda-feira, 25 de julho de 2022




Há músicas que nos trespassam 

da tamanha perfeição do momento em que as escutamos...

Até o respirar nos relembra como a vida é 

e com elã a levamos ...

Olé ! 


https://www.youtube.com/watch?v=oS9ikzSxEmk 

quinta-feira, 12 de maio de 2022

 


Memória de Peixe 


Cada vez que não penso em ti

morro um bocado 

cada vez que morro um bocado 

tu morres um bocado em mim...

até que porventura 

irás pôr fim a esta aventura 

e esquecer-te de mim. 


De chocolate se fazem as gomas 

de gelatina se fazem as bombocas 

de tristes mensagens se fazem os finais 

de silêncios cortantes se desfaz o ar rarefeito que respiras, 

com a cabeça à tona... Enquanto te faço amonas

Imersa nessa tua memória de peixe?! 

e meu ego recusando que eu te deixe! 

Enquanto;

me deixas asfixiar na minha própria memória 

e ficaremos assim...sem futuro...sem passado...sem presente 

...sem história...  



sexta-feira, 25 de março de 2022

 

Algodão Doce

 

No dia em que te vi pensei em fazer-te uma vénia

Mas tal não ocorreu porque me abraçaste como se abraça um floco de neve

E desmanchei-me

No dia em que fizemos amor pela primeira vez

Senti-me a comer algodão doce numa feira de verão

E apaixonei-me

 

No dia em que te virei costas pela primeira vez

Senti-me enjaulado num beco com uma saída

E sofri até quase chorar

No dia em que te virei costas pela segunda vez

Senti-me perdido, e fui ao teu encontro

…até te achar…

 

Hoje, quando as palavras deveriam exprimir todos os sentimentos que tenho

Não me contenho,

E me venho

e me enrolo em mantas polares

onde tu estarás sempre lá para me aconchegares

Porque sei, que se era para ser, ou será se assim o fosse

Eu voltaria sempre para os teus braços

Para comer algodão doce…

 




terça-feira, 22 de março de 2022

Assim sem mais nada 


Escrevam-me cartas com números e letras 

que eu derramo-as na sopa, 

Mandem-me músicas que eu torno-as minhas, 

enxotem-me as moscas de cima que eu cheiro a água deslavada, 

como se fosse um ato de dor, sucumbir à pessoa amada, 


Hoje tive um chamamento que me deixou satisfeito 

de ânimo leve 

de "peito feito". 

É sempre uma jovial alegria quando alguém nos vem visitar 

só porque sim 

porque nos quer ver e olhar. 

sorrir para nós 

como se fossemos uma acendalha 

deitando abaixo muros 

barreiras 

e a semblante muralha. 


Quero dizer ,que queria dizer muitas mais coisas 

mas na língua, tento ter mais tento 

porque o que até agora tentei dizer 

nada me saiu 

e o que ficou cá dentro permanece meu 

seja fugaz, seja melancólico, seja divinal, 

o que me faz bem é espelhar-me neste mundo 

que é teu

também 

por ainda assim nada permanece morto para sempre 

nem nada nasce sem que eu possua o teu ventre.,







quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

 

Tanto

 

Deste-me tanto…

E eu tirei-te tão pouco

Daquilo que era teu e que não era oco.

 

Deste-me tanto …daquilo que não pedi

E sem querer (ou não) também te ofereci.

 

…A lividez excessiva nas palavras escritas torna-nos frios…

 

Deste-me tanto daquele sabor agridoce

Que era teu

Que era meu

Que era talvez de quem quer que fosse

 

Tirei-te aquele pesar olhar que me olhava cada vez que entrava à tua porta

Tirei-te aquele sorriso pouco aberto que era certo cada vez que te via

Tirei-te tanta coisa que não a roupa, essa que era tão pouco necessária entre nós

Tirei-te amarras e nós

Tirei-te aqueles momentos inolvidáveis que nunca serão repetidos

Tirei-te amor, cor, dor e sentimentos sentidos.

 

Dei-te tanto mais do que te tirei, sem querer

Dei-te tanto daquilo que me permiti

Dei-te muito de ti a mim

E muito de mim a ti…

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Sevilhanas

As falsas pretensas de filhas oferendas de amores perdidos
São mais fáceis de limar que os cantos de uma mesa com caruncho.
São camas Senhor, são camas
Onde elas se deitam
E sonham com outras rameiras menos rameiras que elas próprias
e...
Desvelam-se todas perante o pudor
Esse o tal e singelo amor.

São falsas Sevilhanas a dançar ao som de um fado
Esse mal amado,
Esse fingido,
Esse falso amor dorido,

E no fim
Ficas tu...
A olhar o palco abandonado.
Sem ninguém com quem falar
Sem ninguém para chamares de amor amante ou amado.
E ainda assim...resta-te aquele sorriso voraz no canto da boca
e os olhos mergulhados no vidrado  da felicidade
porque o amor vai ...vem ...volta...e regressa outra vez
Sempre que é de verdade...