sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Lavrar a terra

 Tenho saudades de ter saudades 

Saudades sentidas 

Aquelas que nos fazem tonturas

Curas

Terras mexidas pelo Lavradio da vida

Aquela voz púrpura que nos toca o sino, o sono e nos bafeja como a fada dos dentes

Tenho saudades da meditação ofegante de não ter mais nada em que pensar a não ser na tontura

Que cura

Tenho saudades da paz agonizante que era amar-te

Tenho vertigens em nunca mais olhar para ninguém como olharia para ti num futuro que não existe

Tenho terras por lavrar

Coisas por dizer, 

Mãos por sujar 

Espaços por ocupar

E ainda assim continuo a viver como se nada se tivesse passado. Foi. 

Foi cura